Diariamente, vejo notícias que enaltecem o crescimento do mercado pet brasileiro, destacando números impressionantes de faturamento anual e aumento percentual no setor. Essa expansão, aliada ao amor que muitas pessoas sentem pelos animais, tem atraído um grande número de interessados em cursar Medicina Veterinária no Brasil. No entanto, a pergunta que poucos fazem é: qual é a verdadeira realidade da profissão de médico veterinário no país?
Atualmente, de acordo com o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), o Brasil possui mais de 260 mil médicos veterinários registrados. Mas como esse número se compara a outros países? Para um breve paralelo, consideremos os Estados Unidos, o maior mercado pet do mundo, que atualmente conta com aproximadamente 130 mil médicos veterinários registrados (Fonte: American Veterinary Medical Association - AVMA). Isso significa que, apesar de ter uma população pet maior e um mercado mais desenvolvido, os EUA possuem apenas metade do número de veterinários do Brasil.
Outro dado relevante é a formação acadêmica. O Brasil possui hoje mais de 536 cursos de Medicina Veterinária autorizados pelo Ministério da Educação (MEC), incluindo 22 na modalidade de Ensino a Distância (EaD). Em contrapartida, os Estados Unidos têm apenas 33 cursos, todos presenciais. Essa grande discrepância levanta um questionamento sobre a qualidade da formação no Brasil e o impacto dessa expansão desenfreada de cursos na profissão.
Nos Estados Unidos, projeta-se a necessidade de 55 mil novos veterinários até 2030 para atender à crescente demanda do mercado pet. Lá, a profissão é valorizada e muito buscada, refletindo-se também na remuneração. O salário médio anual de um médico veterinário nos EUA é de aproximadamente US$ 120.000 (cerca de R$ 706.800,00 na cotação atual), o que equivale a um ganho mensal de cerca de R$ 58.900,00. Além disso, a profissão conta com o suporte de Vet Technicians (técnicos veterinários), que são profissionais treinados para auxiliar veterinários e que recebem um salário médio anual de US$ 43.740 (R$ 257.628,60 ou cerca de R$ 21.469,05 por mês).
E no Brasil? Aqui começa a reflexão que desejo trazer. A profissão de médico veterinário vem enfrentando um cenário de crescente desvalorização. Embora o acesso ao ensino superior seja fundamental para a inclusão de diferentes camadas da população, a proliferação indiscriminada de cursos, sem o devido controle de qualidade, tem resultado na formação de muitos profissionais sem a preparação adequada para o mercado de trabalho.
Um curso de Medicina Veterinária no Brasil dura, em média, cinco anos, exigindo um investimento financeiro e pessoal significativo. No entanto, a remuneração nem sempre compensa esse esforço. De acordo com o Instituto de Formação Profissional e Especialização (IFOPE), o salário médio de um veterinário no Brasil varia entre R$ 2.900 e R$ 7.000 por mês. A obra Demografia da Medicina Veterinária do Brasil, do Dr. Antônio Felipe Paulino de Figueiredo Wouk, revela que o Brasil forma aproximadamente 11 mil novos veterinários anualmente. Se essa tendência continuar, a profissão pode enfrentar um futuro ainda mais desafiador, com uma oferta excessiva de profissionais e uma demanda que não cresce na mesma proporção.
A discussão que sempre busco levantar com as principais associações do setor, como a Associação Brasileira dos Hospitais Veterinários (ABHV), a Associação Nacional de Médicos Veterinários (ANMV), a Federação dos Veterinários do Estado de São Paulo (FEVERESP) e o próprio CFMV, é: como podemos fortalecer a profissão e evitar que ela entre em colapso no futuro?
Será que a regulamentação mais rigorosa dos cursos de Medicina Veterinária poderia melhorar a qualidade do ensino e reduzir a formação de profissionais desqualificados? O mercado pet brasileiro está preparado para absorver esse contingente crescente de veterinários? E você, qual é a sua opinião sobre esse cenário? Acredita que há soluções viáveis para melhorar as condições da profissão no Brasil?
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