A fusão entre Petz e Cobasi entrou em uma fase nova e turbulenta no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). As duas líderes do varejo pet passaram a ter uma oposição ainda mais contundente da Petlove, que tenta barrar o negócio por meio de documentações formais enviadas ao órgão antitruste.
A empresa de e-commerce pet utilizou dados de mercado para reforçar sua tese de que a união das concorrentes levará à formação de um monopólio em diversas cidades do país, comprometendo a competitividade do setor. Por outro lado, Petz e Cobasi acusam a Petlove de agir por interesse próprio e de tentar “tumultuar” o processo.
Em fevereiro, o Cade determinou que a Petlove ainda não havia fornecido documentação suficiente para ser reconhecida como “terceira interessada” na megafusão, concedendo à companhia um novo prazo para apresentar informações adicionais. Agora, a empresa protocolou uma petição detalhando seus argumentos e incluindo pareceres do professor Carlos Ragazzo, da FGV e ex-superintendente-geral do próprio Cade, e da Ferres Consultoria.
“No que diz respeito à Petlove especificamente, a empresa não conseguirá continuar competindo com a Empresa Combinada em termos de preço e portfólio de produtos. Isso se deve ao fato de que a Empresa Combinada terá poder de compra incontestável e portfólio irreplicável, o que dificultará as negociações junto aos fornecedores e aumentará o preço de aquisição de insumos para os demais players”, argumentou a companhia no documento apresentado ao Cade.
A companhia também aponta que a fusão resultará em sobreposição de operações em 71 municípios, onde as duas redes somam 214 lojas da Petz e 219 da Cobasi. Em algumas dessas regiões, especialmente em cidades menores, o domínio da nova empresa combinada será absoluto.
De acordo com a petição, em cinco municípios com menos de 200 mil habitantes, a fusão criaria um monopólio. Já em cidades maiores, a Petlove identificou sobreposição de atuação em 191 áreas menores (raios de concorrência), sendo que, em 149 delas, a nova empresa seria a única competidora relevante.
“A operação, portanto, representa um risco à concorrência no mercado pet, na medida em que os demais players do mercado não serão capazes de exercer pressão competitiva sobre a Empresa Combinada. Petz e Cobasi são os concorrentes mais próximos entre si e os únicos rivais capazes de exercer pressão competitiva significativa um sobre o outro. Desse modo, a fusão eliminará a rivalidade entre essas empresas, criando um player irreplicável, reduzindo a competitividade do mercado e prejudicando o consumidor”, conclui o documento.
Petz e Cobasi rebatem acusações
Do outro lado da disputa, Petz e Cobasi reagiram prontamente e entraram com uma impugnação contra a tentativa da Petlove de se tornar “terceira interessada” no processo. As gigantes do varejo pet afirmam que a rival não conseguiu demonstrar como seria diretamente afetada pela fusão e seu pedido ao Cade “esconde objetivo escuso e prejudicial à análise” da fusão.
“A Petlove busca utilizar sua eventual habilitação como terceira interessada para promover seus próprios interesses privados e tumultuar a instrução processual, e não para contribuir com a defesa da concorrência ou para o aprimoramento da análise conduzida pelo Cade”, acusam os advogados de Petz e Cobasi no documento enviado ao órgão.
O Cade ainda não tomou uma decisão final sobre a participação da Petlove no processo.
Fusão entre Petz e Cobasi avança com aprovação de acionistas
A fusão entre Petz e Cobasi avançou após aprovação dos acionistas. A nova empresa terá 494 lojas, R$ 7 bi em receita e 52,6% da Petz. O Cade ainda precisa aprovar. Especialistas veem riscos e oportunidades.
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